quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"Movimento espírita" não consegue explicar suas contradições

O "movimento espírita", sabemos, está reagindo contra as contestações que se multiplicam na Internet e agravam a crise que vive a doutrina brasileira.

Seus líderes, se afirmando tristes diante de "lamentáveis ocorrências", reclamam da falta de misericórdia, compreensão e até "conhecimento da doutrina" por parte dos questionadores, e afirmam que estes é que estão sendo incomodados com a "missão de amor e fraternidade" que o "espiritismo" brasileiro simboliza em tese.

O grande problema é que esses líderes, que estufam seus peitos mesmo diante do coitadismo para dizer que os contestadores estão "confusos", mal sabem a confusão que está dentro deles. Afinal, se existe contestação, ela ocorre pelas contradições que os "espíritas" têm em abraçar, em tese, tanto o cientificismo de Allan Kardec quando o igrejismo de Francisco Cândido Xavier.

Observamos algumas páginas "espíritas" recentes, sem deixarmos de analisar também os "exemplos" de Chico Xavier e Divaldo Franco, e o que se percebe é a postura dúbia que vigora nos últimos 40 anos, em que os "espíritas" fazem juras de amor e fidelidade a Allan Kardec, mas na prática o traem abraçando práticas e abordagens contrárias às do pedagogo francês.

Eles simplesmente não investem na análise e são apenas seletivos nas citações de Allan Kardec. Tornam-se tendenciosos quando fingem concordar com Erasto, quando ele falava dos inimigos no interior da Doutrina Espírita, sem perceber que o espírito do discípulo de Paulo de Tarso se dirigia justamente aos "queridos" Chico e Divaldo, dois dos maiores inimigos da doutrina de Allan Kardec, na medida em que difundem ideias contrárias à doutrina do professor francês.

A seletividade dos textos tenta evitar pontos polêmicos, o que é contraditório para o "movimento espírita", tão inclinado a falar em conhecimento, ciência e inteligência humana. Não há sequer um confronto entre o que Chico Xavier e Divaldo Franco escreveram com o que pensava Allan Kardec, uma comparação que pudesse trazer as contradições doutrinárias observadas nos dois anti-médiuns.

De Divaldo Franco, por exemplo, quase não se observa a apreciação de livro algum de sua bibliografia. O máximo que os "espíritas" a ele solidários fazem a respeito de seus livros é apenas citar o momento do lançamento dos mesmos, em cerimônias de autógrafos e presença de membros da altíssima sociedade. 

O falecido jornalista da BBC, Malcolm Muggeridge, que "inventou" o mito de Madre Teresa de Calcutá, iria adorar, se vivo fosse, ver Divaldo Franco ao lado de governantes, empresários, socialites e deputados, na sua "humilde" capacidade de "se entrosar" com os ricos e poderosos sob o pretexto da "união sem interesses" com todas as classes, visando a "solidariedade", o "perdão" e a "paz".

Ninguém analisa as obras, os livros, ninguém confronta. Nós observamos que os trechos expostos nos blogues e publicações "espíritas" são sempre os mesmos, sempre os mesmos trechos dos livros de Allan Kardec - geralmente aqueles que foram mal traduzidos por Guillón Ribeiro - , sempre as mesmas passagens que aparentemente agradam os "espíritas", que podem interpretar em causa própria as ideias de Kardec.

O aviso de Erasto e os critérios do Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos só são vagamente evocados e até mesmo reproduzidos em seus fundamentos, mas dentro de uma maneira tendenciosa dos picaretas se passarem por honestos condenando a picaretagem dos outros, de preferência os "peixes pequenos" dos "centros espíritas" concorrentes, geralmente de "fundo de quintal".

O fato de que a chamada "nata" do "movimento espírita" tem alta reputação e, aparentemente, goza de prestígio e popularidade, não significa que é da parte deles que está a coerência e a integridade da abordagem da Doutrina Espírita. Pelo contrário, é desses grandes nomes, que na sua vaidade acham que terão um lugar nobre no banquete divino, é que estão os piores delitos.

São os líderes "espíritas" que cobram "coerência", "paz", "conhecimento" e "união", que clamam chorosamente por "perdão e misericórdia" por erros "eventuais", que mais violam tudo isso que seus desesperados apelos pedem, em palavras arrumadas e posturas aparentemente sóbrias, falsamente nobres.

Eles é que criam conflitos ao adotar a contraditória apreciação de Kardec e de Xavier, que estabelecem incoerências, confusões, desconhecimentos diversos. São os que apoiam a falsa prática mediúnica, de forjar mensagens da própria mente do suposto médium, para disfarçar tamanhas fraudes com apelos religiosos e recados fraternais, como se isso limpasse a "impureza" da falsidade ideológica.

São eles, os líderes "espíritas", que buscam caprichar na pose de seriedade, no discuso ao mesmo tempo sereno e enérgico, nas palavras bem arrumadas e nos apelos emocionais, os que mais bagunçam com a doutrina de Allan Kardec. E se acham inabaláveis, por combinar seu status de liderança com a roupagem de humildade de suas atividades.

Eles estão confiantes que sobreviverão intatos e imunes em suas contradições. Eles se acham seguros de que Allan Kardec está no lado deles e aceita todo tipo de traição doutrinária que se vê nos livros de Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia. 

Enganam-se os "espíritas" diante dessa tranquilidade, já que se pesquisarmos bem tudo o que é feito pelo "espiritismo" brasileiro, não haverá dificuldade em constatar que Allan Kardec reprovaria tudo isso, de maneira imediata e irreversível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A teimosia dos "espíritas" tradicionais

Fica aqui a impressão de que nosso trabalho de coerência doutrinária é em vão. mesmo com alto nível de apostasia, há seguidores de Chico ...